Nadine
Cordeiro jogadora internacional de Portugal em entrevista ao DIÁRIO DA REGIÃO
“
Aos 16 anos concretizou o sonho de envergar a camisola da selecção nacional de
futebol feminino”
Nadine
Cordeiro é uma jovem do concelho da Moita, com apenas 16 anos de idade
completados no passado dia 05 de Junho, que desde bastante jovem mostrou
capacidades inatas para a prática do futebol. Iniciou-se na prática do futsal,
e na actualidade representa o clube Escola de Futebol Feminino de Setúbal, no
futebol 11.Nadine Cordeiro já escreveu o seu nome na história do futebol feminino
em Portugal, ao marcar o 1º golo da selecção nacional feminina de Sub-17,em
jogo particular frente á Húngria. Um golo que para sempre lhe ficará na
memória. O DIÁRIO DA REGIÃO foi ao encontro da jovem “craque”, que em
entrevista nos dá conta dos feitos já alcançados na sua ainda curta carreira de
futebolista, e do seu sonho de ser jogadora profissional de futebol.
Quando te iniciaste na prática do
futebol?
Nadine Cordeiro
– Começei a jogar futsal no Sporting Clube Banheirense, quando tinha apenas 7
anos de idade. Joguei com os rapazes cinco épocas até fazer doze anos.
Mudança do futsal para o futebol
11? Foi fácil a adaptação?
Devido
ás regras não permitirem que as raparigas depois dos 12 anos continuem a jogar
em equipas masculinas, tive que mudar de clube. Era para ter ido para o
Samouco, mas o futebol feminino acabou nesse clube, e acabei por ir juntamente
com algumas colegas para as Escolinhas do Futebol Feminino de Setúbal. Foi
fácil adaptar-me pois o futebol 11 tinha muitas das características do futsal. Com
o tempo a minha adaptação foi sendo cada vez maior, e hoje já não trocava o
futebol 11 pelo futsal. No primeiro ano ainda joguei as duas coisas, futsal e
futebol 11. Era uma questão de hábito, gostei muito e foi o meu último ano no
futsal. Fomos campeãs, e quando subimos á 1ª divisão no futebol 11, o clube
decidiu dedicar-se apenas e só ao futebol 11.
Em que posição actuas? Qual o teu
ídolo?
A
minha posição é a de médio centro, mas se for necessário adapto-me a outras. Considero-me
uma jogadora polivalente. O meu ídolo é o Cristiano Ronaldo.
As boas exibições realizadas
valeram-te a chamada á 1ª selecção nacional feminina de Sub-16. Como reagiste?
Quando
soube que tinha sido chamada fiquei muito contente, fiquei sem palavras,
contactei logo os meus pais, os meus irmãos e o meu namorado. Só pensava que
era tudo o que eu queria e que trabalhava todos os dias para isso também.
O que sentiste ao envergar a
camisola nacional?
Foi
o dia mais feliz da minha vida, não tenho palavras. Desde o momento em que fui
chamada para o primeiro estágio, senti logo um grande orgulho. Comecei logo a
aproveitar ao máximo e a esforçar-me para dar o meu melhor em prol da equipa e
ser uma mais valia. O hino nacional deixou cada uma de nós com lágrimas nos
olhos.
Como te correu a ti e ás tuas colegas de selecção
essa primeira experiência internacional?
Para mim
correu-me bem esse torneio internacional. No primeiro jogo estávamos todas
nervosas porque era a primeira vez que vestia-mos a camisola da selecão e
também a primeira vez que representávamos o país. Foi uma grande experiência a
todos os niveis, aprendi muito com todos desde os técnicos ás minhas colegas.
Criámos um grupo forte e uma grande amizade entre todas.
Nem tudo correu na perfeição pois acabaste expulsa
ainda no decorrer do 1º tempo?
Não estava nada á
espera de ser expulsa, não queria acreditar que aquilo me tinha acontecido,
pois em todos estes anos que levo de futsal e futebol 11, nunca tinha sido
expulsa. Fiquei sem reacção quando o árbitro mostrou-me o cartão vermelho. No
momento fiquei triste e saí a chorar, mas depois levantei a cabeça porque este
tipo de coisas acontece em qualquer momento, seja justo ou não.
Estreia a marcar pela selecção, e
1º golo da “estreante” selecção feminina sub-17 de Portugal frente á Húngria?
Um
golo que vai ficar para sempre na minha memória. Fiquei feliz, estava no sítio
certo na hora certa. Foi muito bom ter marcado, senti uma sensação
inexplicável. O sonho de toda a gente é vestir a camisola nacional, outro sonho
é de marcar um golo com as quinas ao peito. Quando marquei agarrei-me logo a
uma colega de equipa e comecei logo a chorar de emoção. Em três anos que levo
de futebol 11 nunca tinha marcado.
No 2º jogo frente á mesma selecção
da Húngria outro momento alto quando foste nomeada capitã de equipa, e marcaste
um golo e fizeste duas assistências para golo?
Fiquei
muito orgulhosa de ter envergado a braçadeira de capitã. Senti uma grande
responsabilidade, mas também uma honra, algo que me deixou muito feliz. Quanto
ao jogo, fiz a minha melhor exibição ao serviço da selecção. O nosso objectivo
nesse 2º jogo frente á Húngria, passava por fazer-mos mais e melhor do que
tínhamos feito no 1º jogo onde as coisas não nos correram de feição e não
conseguimos a desejada vitória, acabando por empatar-mos a duas bolas. Fizemos
um bom jogo, estivemos muito unidas e trabalhámos por conquistar a vitória. No
final conseguimos uma goleada (6-1).
Dadas as boas exibições que tens
feito na selecção é natural que surjam interesse de outros clubes de maior
dimensão? Gostavas de mudar de clube na próxima época?
Sim
é normal que surjam alguns clubes interessados em mim, mas neste momento não
recebi qualquer proposta para mudar de clube na próxima época. Sou ambiciosa,
mas não tenho nenhum clube em especial que gostasse de jogar. Gostava de ir
jogar para o estrangeiro, pois o nosso país ainda não dá grande valor ao
futebol feminino. Infelizmente, e quando se quer ser jogadora profissional que
é o meu caso, temos que optar por sair da nossa “casa”.
Nesta fase da tua ainda curta
carreira que apoios tens tido?
A
minha família, o meu namorado e os meus amigos dão-me bastante apoio. Dizem
sempre para eu seguir em frente e nunca desistir do meu sonho de ser jogadora
profissional de futebol. Todos eles são muito importantes para mim.
Tens conseguido conciliar os
estudos com a prática do futebol?
Sim,
até porque tenho que me aplicar na escola para depois trabalhar no futebol. Tento
dividir o tempo, e tenho conseguido. Quando é para estudar tento não pensar no
resto, e quando é para jogar liberto-me de tudo.
João Fernandes
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