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09/05/2014

Entrevista de Paulo Catarino jogador do Fabril do Barreiro ao DIÁRIO DA REGIÃO
“ Goleador de 42 anos diz-se preparado para jogar mais alguns anos e alcançar os 300 golos na carreira”

Paulo Catarino representa o Fabril do Barreiro, clube da 1ª divisão distrital da AF de Setúbal. Completou recentemente 42 anos de idade e já leva 25 anos de carreira como futebolista, tendo representado ao longo da mesma 22 clubes. Natural de Setúbal, é um ponta-de-lança de veia goleadora, com o impressionante registo de 274 golos marcados ao serviço dos vários clubes por onde passou. Paulo Catarino é um lutador nato para quem arrumar as botas está para já fora de questão, pretendendo continuar a jogar e se possível atingir a marca dos 300 golos na carreira, o que seria um feito notável. Em entrevista ao DIÁRIO DA REGIÃO, o jogador faz uma retrospectiva da sua carreira, aborda o presente e fala do seu futuro.

Como nasceu o Paulo Catarino para o futebol e como têm sido estes 25 anos de carreira?
Começei a jogar futebol aos seis anos no clube do meu bairro SC Figueirense, onde estive até aos Juvenis. Depois fiz o resto da minha formação nos juniores do 1º Maio da Varzinha, também um clube de bairro em Setúbal. Já como senior posso dizer que me sinto orgulhoso de ter começado no escalão mais baixo do futebol (distritais) e ter chegado à 1ª Liga passando por todas as divisões do futebol português à custa do meu trabalho e acreditando sempre nas minhas capacidades. Fui sempre contratado para fazer golos e graças a Deus posso me orgulhar de ter sido o melhor marcador de equipa em 17 dos 22 clubes onde joguei, e só não fui em quase todos porque tive cinco lesões graves que me roubaram muito tempo. Apenas em duas épocas não fui titular nas equipas onde joguei; no Vitória de Setúbal e esta época no Fabril. Acho que isso diz muito da forma como sempre encarei esta profissão.

Momentos mais alto da carreira de futebolista?
O momento mais alto foi sem dúvida a chegada à 1ª Liga e ao clube da minha terra (V.Setúbal), mas tive sempre momentos muito bons em todos os clubes por onde passei e onde fui sempre acarinhado por toda a gente.

Qual o treinador ou treinadores que mais o marcaram?
Tive o prazer de ter trabalhado com grandes treinadores, homens do futebol e com todos aprendi. Destaco o mister Castro no Quintajense, porque foi ele quem acreditou em mim como ponta-de-lança já que eu era médio ofensivo na altura e com a lesão do nosso ponta de lança ele lançou-me nesse lugar onde até hoje tenho sido bem sucedido. Mas o treinador que mais me marcou foi Ricardo Formosinho. Não tinha terminado a época no Nacional da Madeira tendo sido operado a uma lesão grave na coluna. Poucos acreditavam em mim, os clubes interessados queriam todos que eu fosse treinar primeiro antes de assinar com medo que eu não estivesse apto fisícamente, e aí graças a Deus apareceu o mister Ricardo Formosinho que me contratou e acreditou em mim. No final pude retribuir a confiança em mim depositada com 27 golos marcados e a subida do Imortal à 2ª Liga. Num universo de quase 40 treinadores acho que não defraudei a maioria que apostou em mim.

Quando surgiu a apetência por marcar golos?
A minha veia goleadora sempre se manifestou desde os 6 anos pois mesmo jogando como médio ofensivo sempre fiz muitos golos nas camadas jovens. Depois de assumir uma posição mais avançada no terreno fazer golos começou a ser algo natural, tendo para isso tido nas equipas onde joguei, colegas que me facilitavam muito nessa tarefa. Graças a Deus joguei com grandes artistas na arte de fazer assistências para golo. Quanto maior for a qualidade de uma equipa, mais fácil se torna para um ponta de lança fazer golos, por isso é que é mais fácil fazer golos num nível mais elevado do que nos escalões mais baixos.

Olhando para trás na sua carreira pensa que podia ter chegado mais longe?
Nã sei se podia ter ido mais longe ou não, nem me preocupo com isso. Não sou um frustrado no futebol, não tenho vaidade naquilo que conquistei, tenho antes orgulho. Não tenho inveja do sucesso dos outros, sou feliz com o que consegui, fui até onde tinha que ir sem passar por cima de ninguém, respeitando todas as instituições que representei, todos os colegas, treinadores dirigentes, funcionários, adeptos, árbitros, jornalistas e demais envolvidos no futebol. Fui muito feliz e continuo a sê-lo em cada segundo que me deixam entrar em campo pois amo este desporto e sem ele a minha vida não seria uma vida compleamente feliz como é.

Um balanço das três épocas que leva ao serviço do Fabril do Barreiro?
Quando à três anos aceitei representar  GD Fabril, foi com a intenção de fazer o mesmo que fiz em todos os clubes onde joguei, marcar golos porque é isso que esperam de mim. É para isso que me pagam e contratam para com golos ajudar a vencer jogos e campeonatos. As duas primeiras épocas foram muito boas a nível individual onde fiz 26 golos, mas frustrantes em termos colectivos porque falhámos o objectivo da subida de divisão. Este ano num campeonato que não tem a qualidade dos anteriores em termos de equipas, somos claramente mais fortes que os outros e ocupamos merecidamente o 1º lugar. Individualmente sem dúvida o pior ano da minha carreira quando nada o fazia prever. Começei a época como titular, no 1º jogo ajudei com um golo a passagem à 2ª eliminatória da Taça de Portugal, fui titular na 1ª jornada do campeonato frente ao Paio Pires onde saí ao intervalo sem ter tocado mais que duas vezes na bola e sem uma única oportunidade de golo, e até agora joguei apenas mais dois jogos e alguns minutos finais de outros jogos.

Como define o seu actual estado de espírito?
Lógicamente que não posso estar feliz nem moralizado quando sinto que quem decide acha que eu não tenho qualidade para jogar mais.Respeito evidentemente as opções de quem manda e lamento profundamente não poder contribuir efectivamente também para a provável subida de divisão com que sonho nestes três anos que levo nesta casa. O Fabril merece pelas condiçoes que dispôe e dá aos seus atletas, é um clube cumpridor e merece estar em outro patamar que não a distrital. Ficarei feliz pelos meus colegas, treinadores e dirigentes, mas não será perfeito para mim individualmente porque pouco ou nada contribui para esse sucesso. Contribuir para mim é jogar, fazer golos, sentir que sou opção e não sou hipócrita de dizer que sinto isso.

O Paulo é um exemplo de longevidade no futebol.Quando pensa em arrumar as chuteiras?
Fiz recentemente 42 anos e sei que isso é um peso enorme para muitas pessoas que andam no futebol e concerteza até no clube que represento, mas isso a mim diz-me pouco. Nunca me importei com o B.I e pouco me importa o que pensam os outros sobre isso pois treino da mesma forma que todos os outros colegas, os mesmos dias, as mesmas horas. Nas duas épocas anteriores fui o melhor marcador da equipa, dos jogadores mais utilizados. Nunca pedi descanso, raramente estou lesionado, por isso sinto-me perfeitamente bem e preparado para jogar por mais alguns anos e alcançar os 300 golos na carreira. Não sei onde vou terminar, sei apenas que gostava de terminar onde me respeitassem pelo muito que já dei ao futebol, e o muito que me privei para viver o sonho de uma vida com honestidade, profissionalismo e entrega a cada camisola que enverguei.

Quando acabasse a carreira gostava de ficar ligado ao futebol?
Tenho o Nível 1 do curso de treinador, concerteza farei o 2º nível nos próximos anos e gostava imenso de ficar ligado ao futebol. Para já não pois quero continuar a jogar e apenas jogar, mas um dia gostava de poder transmitir aos outros mais novos ou não, alguma da experiência, ideias e conceitos que tenho sobre o jogo.

O Paulo tem um filho a dar os primeiros passos no futebol. Filho de peixe sabe nadar?
Ser pai do Pedro é uma honra e uma responsabilidade enorme. E um miúdo fantástico com muita personalidade, muita humildade, muito respeitador e educado. Guiá-lo para ser uma pessoa de bem, um homem com carácter e feliz é a minha missão independentemente de vir a ser jogador ou padeiro. Neste momento ele vive o sonho que eu vivi numa realidade completamente diferente, não o pressiono para seguir os meus passos, embora gostasse óbviamente que ele o fizesse. Ele fez a formação nas escolinhas do Vitória dos 6 aos 10 anos, e depois mais três no 1º Maio da Varzinha onde este ano faz a sua 1ª época no futebol 11. Leva 17 golos marcados esta temporada. Olhando para ele com olhos de homem do futebol e não de pai, reconheço-lhe qualidade técnica que com os anos vai por certo aprimorar, precisando de mais “corpo” para poder evidenciar mais a sua tècnica. Para já vai ganhando o gosto pelo golo e pela finalização, e mais importante que qualquer outra coisa, chega a casa feliz porque joga e diverte-se...

JOÃO FERNANDES

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