Os deuses não estiveram com os Ferroviários do Barreiro/Baía do Tejo, no último fim-de-semana, mas a benjamim Marta Nobre “quebrou a maldição”.
Sábado, dia em que entraram em acção os benjamins, infantis e iniciados, tinha sido profícuo e para domingo todos esperavam a confirmação das qualidades do quadri- scull juvenil masculino que vinha marcando a sua superioridade, confirmada prova a prova ao longa da época e por todos reconhecida. Mas há dias em que tudo corre mal e aí nada mais há fazer que conformar-se, encarar os factos e olhar em frente. Porque o Remo, como tudo na vida, também nos reserva surpresas. Umas boas, outras nem por isso!
Mas vamos à história de um fim-de-semana ventoso e por isso muito difícil para os jovens remadores.
No sábado a coisa começou em grande. Em grande, com a pequena Marta Nobre, a benjamim dos Ferroviários do Barreiro/Baía do Tejo que com os seus nove anos, corpo franzino, mas enorme vontade, leva de vencida as suas 6 adversárias e conquista de forma clara o título nacional da categoria, com uns expressivos 16 segundos de vantagem sobre a 2ª classificada, a remadora do Infante D. Henrique, de Gondomar. É a mais jovem remadora do Clube e não se pode deixar de destacar nela o rigor e a concentração no que faz.
A Júlia Martins, a infantil de 1º ano, teve uma tarefa difícil, pois teve que se confrontar com mais 8 remadoras fisicamente bem mais desenvolvidas, desde logo porque todas elas são de segundo ano. Lutou o que pode, obtendo o 8º lugar nas eliminatórias o que a remeteu para a final B. Aqui, abatida pelo cansaço, mas também pelo desânimo ficou na última posição. Uma atleta que transborda vontade mas também muita impaciência o que por vezes acaba por a atrapalhar. Mais calma, mais paciência, mais concentração são também bons elementos de evolução e sucesso. Há que olhar em frente e ver que há um caminho a percorrer e ela tem todas as condições para o fazer. É só querer e trabalhar!
Nos infantis masculinos, competiram, ambos em skiff, o João Lopes e o Daniel Oliveira, enfrentando mais 22 adversários. O João Lopes, com mais experiência, fez uma excelente manga eliminatória, ganhando folgadamente um lugar na Final A que incluía os 6 primeiros melhores tempos. Na final, baixou ligeiramente o seu rendimento face aos adversários e acabou por alcançar a 6ª posição. Continua a ser um excelente resultado.
Já o Daniel Oliveira, no seu primeiro ano de prática e na sua primeira participação em campeonatos nacionais teve uma prestação bem acima das expectativas com o 10º melhor tempo nas eliminatórias, o que lhe garantiu um lugar na Final B. Aqui, conseguiu ainda subir duas posições, alcançando uma excelente 2ª posição e o consequente 8º lugar da geral. Muito bom para quem agora começou!
Em iniciados masculinos esteve o João Sousa em skiff. Com escassos meses de prática, o objectivo era, sobretudo, participar e colher a experiência de um campeonato nacional. Com 34 adversários, a coisa, para este jovem estreante, só podia ser assustadora! Mas se a experiência lhe falta a garra sobra-lhe e vai daí obtém o 23º tempo nas eliminatórias. Esta classificação não lhe deu acesso às finais, mas não temos dúvidas que lhe deu alento e vontade para prosseguir e evoluir.
E para encerrar a jornada de sábado estiveram os iniciados Eduardo Sousa e Miguel Nobre em double scull. As expectativas eram grandes. Eles trabalharam arduamente para se apresentarem a este campeonato como uma das tripulações favoritas ao título. Não o foram por várias circunstâncias e certamente cada um encontrará a justificação que mais lhe convier.
Mas os factos são o que são e há que os referir para cada um julgue. Desde logo há que referir que a reduzida dimensão do Clube é sem dúvida um handicap. Um handicap com que há que se habituar a viver. A história, rocambolesca, como sempre, começa quando os tempos das eliminatórias saem todos baralhados e é atribuído um tempo superior à tripulação “ferroviária”. Nada havia a fazer. O que conta são os tempos oficiais. Quem pode, pode e ponto final!
A coisa até parecia não ser dramática. Mesmo com trocas e baldrocas nos tempos, foram apurados para a final A. Só que, pormenor importante, a distribuição das pistas para a final faz-se pelos tempos das eliminatórias e a baralhada dos tempos remeteu o “ferroviários” para a pista 5, uma pista fortemente assolada pelo vento lateral estando as pistas opostas muito mais abrigadas.
Resultado: o esforço que foi necessário para manter o rumo e evitar o choque com a margem acabou por fazer a diferença e ditar a 2ª posição a escassos 3 segundos do vencedor. Aqui não foram deuses que não estiveram com eles. Foram os juízes árbitros que revelaram uma vez mais sérias dificuldades com a manipulação de cronómetros. Mas enfim, também isto é Remo. Digamos que sofreram um penalty mal marcado!
De qualquer forma uma excelente e empenhada prestação que há que reconhecer aos jovens remadores.
No domingo seria a vez dos juvenis. Os Ferroviários do Barreiro/Baía do Tejo apresentaram-se somente em quadri-scull masculino. Esta tripulação, composta pelo Luís Martins, Miguel Costa, João Raposinho e Hugo Oliveira, era unanimemente tida a favorita. Se nenhuma acidente acontecesse, a curiosidade era que vantagem com que cortariam a meta.
Mas, como se disse, os deuses, não estando “loucos”, também não estiveram com os remadores “ferroviários”. Para resumir os acontecimentos nada como citar um conhecido blog do Remo. Refere o seu autor que “como prémio do azar, o troféu vai para a tripulação de 4XM juvenil do GDFB, a melhor das candidatas ao título que a cerca de 300 m de prova na eliminatória partiram um remo e não foram à final A. Na final B fizeram uma prova em contra-relógio e fizeram menos 10 segundos que o campeão nacional, a AAC” (
http://pas-na-agua.blogspot.com/).
E pronto! O remo é o atleta, o equipamento e o meio. O equipamento cedeu e não há nada a fazer. O sabor amargo das consequências do incidente deixou todos – dirigentes, treinadores e sobretudo os atletas – com um profundo desalento. Mas duas horas e meia depois, na final B, sem referências de competidores que os assolassem, num autêntico contra-relógio, afirmaram perante todos o que realmente são: excepcionais, lutadores e verdadeiros atletas. E fizeram menos 10 segundo que os campeões nacionais.
Acidentes acontecem e há que olhar em frente e ultrapassar estas adversidades. O remo continua e há que manter o trabalho e o empenho, porque só se vale aquilo que efectivamente se é. Seja no desporto, seja na vida.
Apesar de tudo, das confusões nos tempos, dos acidentes e do vento, foi um óptimo fim-de-semana de remo jovem. E isso é que é importante.
Mais uma vez uma palavra de agradecimento aos pais, cujo empenho é notável no acompanhamento, seja no dia-a-dia, seja nas regatas. Eles são, sem dúvida, parte importante e insubstituível na equipa “ferroviária”.
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